Como me aproximei do basquete

Bola Laranja
7 min readDec 3, 2020

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Por Miguel Olímpio

Em continuidade ao tema do episódio 27 do podcast do Bola Laranja, disserto a você como eu, Miguel Olímpio, me aproximei do mundo do basquete e, consequentemente, da NBA, neste raro artigo em primeira pessoa aqui no blog.

Horace Grant e Scottie Pippen. Foto: Barry Gossage

Inerente a quase todo menino tupiniquim, o futebol sempre foi uma paixão, mais do que torcer para um time, eu sempre gostei de assistir aos jogos, seja qual deles fosse. Quando criança, sintonizar na Rede Globo aos domingos, às 16h, era como um ritual canonizado. Por influência paterna, passei a ter o esporte bretão como mantra e a viciar-se em partidas, jogadores e estatísticas, que fizeram aquele menino que cresceu nos anos 2000 ser um exímio manager no FIFA 07.

Dos netos maternos, minha avó teve 46 (!) para ser mais exato, sou um dos mais novos e muito da minha cultura pop foi pautada nas vivências dos anos 1980 e 1990, quando meus primos eram crianças e/ou adolescentes. Portanto, mesmo sendo da geração do PlayStation 2, foi no Super Nintendo que eu encontrei um amigo vespertino, passando horas a fio assoprando fitas e dando “meia-luas”. Mas de todos os meus primos, teve um em específico que, por também ser apaixonado por futebol, porém oito anos mais velho, tem um contato mais próximo, nascendo assim, o modo cooperativo no NBA Jam, jogo 2x2 da liga estadunidense para arcades e consoles caseiros da época.

Capa de NBA Jam para Super Nintendo (SNES)

Claro que, mesmo distante, eu sempre soube quem são Michael Jordan, Scottie Pippen, Larry Bird, “Magic” Johnson, Kareem Abdul-Jabbar, Kobe Bryant e LeBron James, mas jamais tive a curiosidade em ver as partidas ou acompanhar os ditos-cujos individualmente. Todavia, são figuras que transcendem o esporte e até o mais leigo dentre os afastados tem noção do legado que estes homens possuem. O Chicago Bulls dos anos 1990 é uma das equipes mais relevantes e importantes da história dos esportes coletivos, e foi por meio da trupe de MJ que toquei pela primeira vez na Bola Laranja.

Pippen e Grant versão NBA Jam

Michael Jordan e Chigaco Bulls são sinônimos, desde menor acompanhei relatos dos que viveram nos anos 1990, como nosso amigo Renann Leite descreve em nosso episódio, sobre o quão monumentais ambos foram. Ao colocar o cartucho de NBA Jam e deliciar-se com a música tema, logo fui à Conferência Leste escolher os Touros, ansioso por controlar Jordan, porém uma surpresa, ele não está no jogo, mas sim apenas Pippen e Grant. Passei anos me perguntando porque o maior de todos não possui sua versão pixelada, até que André Fantato, idealizador de nosso projeto, elucidou que o jogo é de 1994, ano em que Michael usava a camisa 45 do Birmingham Barons no beisebol.

NBA Jam foi minha imersão no real mundo do basquete, já que o videojogo possui licenciamento junto à NBA para que os nomes reais de franquias e atletas sejam expostos, ao contrário do International Superstar Soccer, jogo de futebol do mesmo período que se fazia de nomes fictícios. Foi com ele que conheci o funcionamento da liga, como a fórmula de disputa, quantidade de jogos e equipes e repartição por conferências, por exemplo. No entanto, como qualquer criança ligada à desenhos, é claro que eu já havia assistido a “Space Jam, o Jogo do Século” no Cinema em Casa do SBT, filme que conectou Michael Jordan a Pernalonga e Patolino, inseriu o astro no imaginário dos pequenos telespectadores e ajudou a popularizar a NBA, especialmente no Brasil.

Michael Jordan atuando pelo TuneSquad ao lado de Pernalonga em “Space Jam”

Ainda longe do ideal…

Super Trunfo sobre os times da NBA

…foi a partir das duas coisas que passei a consumir, de forma leve, algumas histórias e pesquisar melhor sobre jogadores fora do radar, conhecendo mais detalhadamente as outras nove figuras, além de Jordan, Bird e Johnson, que compunham o Time dos Sonhos de 1992, por exemplo. Ademais, existiu a febre dos “Super Trunfo” no início de minha adolescência, e, dentre os diversos e inúmeros temas das versões, existe um sobre basquete, dividido em um sobre as franquias e outro sobre os atletas. Foi a partir do primeiro que conheci e assimilei os nomes de muitas das equipes e conheci o Boston Celtics, então maior campeão da NBA com 16 títulos (mas hoje empatado com o maior rival Los Angeles Lakers com 17), e me apaixonei pelo escudo da franquia, pois se diferenciava muito dos padrões do futebol nacional e internacional, e ver um rapaz fumando cachimbo enquanto gira uma bola no dedo foi um colírio aos olhos e o contato inicial com o tipo de design e o marketing praticados na Terra do Tio Sam.

Extremamente conectado ao quadrante esverdeado das quatro linhas, como sou até hoje, o basquete adormeceu em mim durante esta última década, onde eu acompanhava os fatos e notícias mais preponderantes ao cenário mais amplo, como quem foi campeão da temporada, o MVP ou o brasileiro que estava em destaque no momento, sempre bastante superficial. Neste ínterim também houve Olímpiadas, e, os Estados Unidos, fortes como sempre foram na modalidade, eram ocorrência constante no mês, e, ávido por grandes eventos, seguia os relatos pós-jogos, juntamente aos lances mais destacáveis.

Nunca me considerei fã de basquete como um todo, seria heresia da minha parte, mas sim um admirador de Michael Jordan, como personagem-símbolo de um esporte tão cultural, exemplo de atleta e a referência que é não só para quem ama o esporte, mas também para quem pratica outras atividades. Sempre gostei de ouvir, ler e assistir histórias do Camisa 23, principalmente por sua preponderância, plasticidade e por ser hors concours na imensa gama de debates que envolvem seu nome. Assim, “The Last Dance” foi, com certeza, responsável por abrir (ou reabrir) minhas visões macro e periférica em relação ao basquete e a tudo que ele o cerca.

Michael Jordan em entrevista para sua hagiografia, “The Last Dance”

“The Last Dance” me apresentou novos atores daquela que foi, se não a maior, uma das maiores eras da história da NBA, conheci por meio da hagiografia de Jordan pessoas como Phil Jackson, Jarry Krause, Reggie Miller, Dennis Rodman, Karl Malone, Bryon Russell, David Robinson, Clyde Drexler, John Stockton e Charles Barkley, por exemplo, e times como Detroit Pistons, Utah Jazz, Indiana Pacers, Phoenix Suns e Orlando Magic, além de entender os fenômenos que foram Jordan, Bulls e NBA nos anos 1990, sobretudo pela passagem que conta sobre a viagem de pré-temporada do Chicago à Paris.

O maior acerto do documentário foi tê-lo feito para pessoas que, assim como eu, não vivem ou não estão tão próximas à esfera da NBA, pois além de pautar-se em MJ e Bulls, também apresenta e entrevista outros expoentes da época, sedimentando terreno para produções sobre outras estrelas, como Kobe e LeBron, que já têm pedidos dos fãs para que se realizem obras semelhantes para eles. “The Last Dance” serviu também para que eu fosse ao YouTube ver partes de jogos daquele momento, aprofundar-se na rivalidade Lakers-Magic x Celtics-Bird, nos Meninos Maus de Detroit e na história da liga desde seu início.

O projeto Bola Laranja também me fez romper barreiras e pré-conceitos. Quando novo nunca vi tanta atratividade no basquete por “em todos os ataques sair pontos”, diferentemente do futebol que, o gol, de tão raro, é um êxtase indescritível. Ao assistir aos jogos cinco e seis desta última final entre Lakers e Heat entendi as nuances da dinâmica de jogo, e vi que esta frase do meu eu mais novo nunca fez sentido. O basquete é apaixonante justamente pelo fato de saírem muitos pontos e pela expectativa de como será feito cada um deles e em como se tem jogadas de cinema nas cestas praticadas pelos diferenciados.

LeBron James e Anthony Davis na comemoração do 17º título do Lakers em 11 de outubro

Parafraseando nosso apresentador Anderson Pinheiro, assim como esta será a primeira temporada completa do Bola Laranja, esta também será a primeira que acompanharei por completo, com o objetivo de maior profundidade de conhecimento e, quem sabe, tornar-se adepto de um time, já que nenhum deles dispõe do meu apreço atualmente, exceto o Chicago Bulls, mas mais pelo sentimento nostálgico e de gratidão do que pelo o que a franquia é hoje em dia.

A pequena familiaridade que “The Last Dance” e o Bola Laranja me trouxe, aproximou-me dos artigos que a NBA dispõe e adquirir camisas do Bulls, Lakers, NBA e afins já está em meu planos. Em um momento em que este graduando em jornalismo atenta-se a outras vertentes que não o futebol, como política e causas sociais, o basquete vem forte para formar um mais novo fã.

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